domingo, 21 de dezembro de 2008

As letras da lua apagando a chuva...


As letras da lua apagando a chuva
(sei que, a dormir, ela cria uma clareira).
Com as letras encantadas eu dormia.
Então a lua aflorava
as estrelas, em raízes vivas, vivas como as águas.

Chovia, e a cítara lunar batia na calçada,
onde os pés dormiam.
Lembro que a geada te entreabria,
acordada, repartida, abria as letras
enquanto passavas.
Lembro-te assim,
escutando as partes da geada,
onde as vozes das águas batiam contra os passos.

Repentinas, abriam as letras do teu rosto.
Era o rosto que brilhava nas cítaras lunares,
como o corpo da música da geada,
dormindo nas águas.

Era como me lembro,
dormindo enquanto uma clareira te escutava,
a lua apagando os passos do vento,
teu nome ao lado das pedras molhadas
da calçada, aflorando as letras do esquecimento.



Desenho e Poema de Felipe Sstefani.

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